317º por Amor...

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O tempo flui... as histórias sucedem-se, filtram-se experiências, guardam-se memórias, procuram-se respostas, organizam-se conceitos... reorganizam-se pensamentos... encerram-se capítulos...
Não obstante, continuámos a duvidar apesar de acreditar.
A acreditar que construímos, a duvidar que não possamos errar, a crescer com certeza.
Construímo-nos porque, muito embora saibamos que devemos ser para nós o mais importante, não conseguimos afastar a sensação de que precisamos do outro. O outro que testemunha e confirma o que somos, aquele que decidiu encontrar-se ao nosso lado da mesma forma que nós fomos com ele o mesmo...
Duas experiências que buscam provavelmente o igual, que manifestam aparentemente o mesmo. Duas identidades que depositam no outro a esperança de acreditar. Duas histórias que se querem fundir numa só: uma história a uma só velocidade, uma só direcção, por um único caminho...
Duas montanhas que se colocam entre si a um determinado perfil, a um certo ângulo. Duas montanhas que se unem num só caminho à volta da árvore escolhida. A árvore que foi, num belo dia de paixão, testemunha de uma promessa ingénua.
Mas o caminho não é de um só! Na verdade são dois percursos, dois troncos paralelos que se erguem e se afastam à distância bastante, para que as suas copas voltem a dar as mãos, lá em cima onde a luz é livre.
Torna-se, pois, essencial duvidar... duvidar que não possamos estar na melhor perspectiva... pelo menos nunca na mesma perspectiva porque construir é duvidar do que está para trás.
É conveniente contornar ao máximo sem nunca voltar ao mesmo início...
E aí sim, de novo tudo parece voltar a fazer sentido: mais um belo capítulo na história em que acreditávamos...
Afinal passámos a acreditar que só podemos crescer a dois...

Porto, manhã de chuva de Verão, 2008

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